Empresas tem síndrome do Impostor?

Hemeroteca Colletivo
3 min readOct 5, 2021

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A importância do porque do NÃO.

“ A síndrome do impostor, fenômeno do impostor ou síndrome da fraude, é um fenômeno pelo qual pessoas capacitadas sofrem de uma inferioridade ilusória, achando que não são tão capacitados assim e subestimando as próprias habilidades, chegando a acreditar que outros indivíduos menos capazes também são tão ou mais capazes do que eles. Não se trata de uma desordem psicológica reconhecida oficialmente, mas ela tem sido o assunto principal de vários livros e ensaios por psicólogos e educadores.”

Todo mundo já passou por isso algum dia, se não passou, PA-RA-BÉNS, rs. Duvidar das nossas capacidades ou habilidades também tem a ver com senso crítico — e digamos que algumas pessoas têm isso um pouco mais exacerbado do que as outras.

Mas, o fato é que esses dias me peguei pensando sobre esse fenômeno nas empresas. O ambiente e onde atuamos influencia muito nessa sensação.

Afinal, empresas também têm síndrome de impostor?

Cheguei a conclusão que sim e te explico o porquê.

O Brasil é um mercado muito competitivo. O brasileiro gosta de trabalhar, mas também, dada a situação financeira e econômica do país, acho que nunca trabalhamos tanto.

Como sempre digo em minhas falas, a desigualdade social do país tem um reflexo grande quando se abre uma empresa por essas bandas: a faculdade em que você se formou, seus círculos de amigos, a maneira como você leva sua carreira até ser um empreendedor, tudo isso faz muita diferença. Mas, se você tem dinheiro e influência, digamos que é um atalho que corta uns 50% do caminho que você está trilhando.

Quando iniciamos um projeto de empreendedorismo, além de aprender a lidar com toda a parte burocrática, saber se portar em uma reunião, apresentar seus serviços, e principalmente valorizá-los, é um trabalho hercúleo.

Estúdio Colletivo | 2004

A falta de segurança e experiência é muito comum neste início. É difícil você não sentir a síndrome do impostor quando perde um orçamento, uma concorrência, uma proposta.

E acredito que isso tem um motivo MUITO forte: as pessoas não dão satisfação! São pouquíssimos clientes que retornam quando acham caro, quando acham que não era aquilo que queriam, quando não acham que o nível do trabalho atende, mas olha o rolo compressor que isso vira: crescemos sem parâmetro. Sem saber como o mercado vê nosso trabalho e se estamos nos entregando o que ele precisa. E claro que eu também tenho minha opinião pessoal que isso é uma tremenda falta de respeito e educação.

Oras, fizemos reunião, preparamos o custo, nos empenhamos em entender o briefing e fazer uma proposta para ficar no vácuo? Ou ouvir “optamos por outro caminho” e ponto. PONTO.

Eu, muitas vezes, insisto em receber o porquê do não, por motivos mais do que óbvios: isso faz com que a gente pare e pense, reflita e faça um exercício de autocrítica, para obter resultados e aprendizados para uma próxima oportunidade.

Mas, infelizmente, ainda não é assim que a banda toca — principalmente no mercado de publicidade e comunicação, na relação com propostas, projetos e parcerias.

Ganhamos em 3 anos prêmios de destaque na Bienal de Design da ADG, Grand Prix na Abedesign, Ouro no LAD (Latin American Design) e até um Leão de Prata em Cannes. Mesmo assim, no mesmo período desse texto: participamos de 3 ou 4 concorrências, sem apresentar layout não pago/no risco, outra prática terrível do mercado — e todas sem uma resposta, uma resposta satisfatória ou um motivo que nos fizesse aprender.

Juntei os prêmios e as concorrências em um texto só para perguntar: o que precisamos fazer para ter relações profissionais mais humanas e menos desproporcionais?

Minha sugestão é entender que relações profissionais, transparentes e respeitosas, ajudam todo o mercado a melhorar. Acho que com uma discussão e respostas, podemos caminhar para um mercado de trabalho com menos síndrome de impostor.

Vanessa Queiroz Co-fundadora, Designer e Novos negócios do Colletivo

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